O movimento para criação da farmácia clínica teve início nos Estados Unidos nos anos 1960, quando farmacêuticos dos hospitais começaram a trabalhar mais próximos de médicos e enfermeiros. O objetivo era melhorar os resultados do uso dos medicamentos e prevenir eventos adversos. Duas décadas depois, o conceito de cuidado farmacêutico foi aprimorado e estabeleceu um novo norte para a atuação de profissionais nas lojas físicas.
Com os primeiros passos para regular a oferta de serviços clínicos, o Brasil ainda engatinha na comparação com o cenário mundial. E como mercados maduros como Europa e Estados Unidos estão posicionados em relação a essa tendência? “A farmácia no mundo está se posicionando como primeiro acesso da população a serviços de rastreamento em saúde e gerenciamento de tratamentos”, ressalta Cassyano Correr, coordenador do programa de Assistência Farmacêutica Avançada, da Abrafarma.
Embora conviva com variados sistemas de regulação, o canal farma europeu tem nos serviços clínicos uma base de atuação sólida. Uma pesquisa da Science Direct, que envolveu 34 países, indicou que os serviços campeões no continente são os testes rápidos (presentes em 23 países), seguidos do auxílio ao uso de dispositivos inalatórios para asma (22 países) e dos programas para cessação do tabagismo (19). Já o Grupo Farmacêutico da União Europeia aponta que 90% dos estabelecimentos promovem a aferição da pressão arterial, avaliações de peso e medidas corporais (90%).
Exemplo norte-americano
A oferta diversificada dá o tom ao modelo norte-americano de assistência farmacêutica, integrando a experiência na loja física e no ambiente digital. Em vários estados, inclusive, farmacêuticos firmaram acordos de colaboração com médicos, podendo prescrever diretamente ao paciente uma série de tratamentos e intermediar consultas remotas de telemedicina. “É possível que uma pessoa com dor de garganta passe por uma consulta com o farmacêutico, faça um teste rápido para detectar a causa do problema e já saia com o tratamento antibiótico prescrito e dispensado. Isso pode ocorrer tanto em unidades no interior do país como em grandes redes”, explica Correr.
De acordo com dados da Associação Nacional das Farmácias Comunitárias (NCPA), a vacinação está presente em mais de 76% das farmácias. Já os testes rápidos estão em pleno crescimento, sendo oferecidos em mais de 10 mil pontos de venda. Vale lembrar que os Estados Unidos têm pouco mais de 65 mil farmácias e existem mais de 100 exames diferentes aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) e que podem ser feitos em minutos, a partir da amostra de sangue da ponta do dedo.
Para obter uma licença para realização de point-of-care testing, uma farmácia norte-americana precisa apenas preencher um cadastro online e baixar um certificado de autorização. Entre os testes rápidos mais comuns estão a hemoglobina glicada A1c, perfil lipídico, TSH, vitamina D, HIV, hepatites virais, influenza (gripe) e estreptococos (bactéria que causa infecções respiratórios como a faringite bacteriana).
“O varejo brasileiro apresenta um leque de serviços muito similar ao dos principais hubs do mercado farmacêutico global. Mas a falta de uma regulamentação mais clara e moderna impede que mais brasileiros sejam estimulados a acessar essas possibilidades”, opina Correr.
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