Os agonistas do GLP-1 estão entre os novos medicamentos aprovados para o tratamento do diabetes tipo 2. Eles agem no sistema de incretinas gastrointestinais e, se você está se perguntando, são sim aqueles medicamentos que promovem a perda de peso. Eles representam boas alternativas para associação com a metformina em idosos com diabetes tipo 2, visto que essa população pode ser vulnerável à hipoglicemia promovida pelas sulfaniureias. Mas você já deve ter visto alguns pacientes com diabetes tipo 1 utilizando esses medicamentos. Será que isso está correto?1
Esses medicamentos são comumente usados em combinação com insulina em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Quatro agentes estão atualmente aprovados para esta indicação: exenatida, liraglutida, dulaglutida e albiglutida. As propriedades positivas dos agonistas são redução da hemoglobina glicada (A1C), perda de peso, potencial para reduzir as doses de insulina e baixo risco de hipoglicemia, o que tornou esses agentes potenciais opções de tratamento para pacientes também com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) .
Os efeitos positivos dessa classe de medicamentos devem-se ao seu potencial para indução da secreção de insulina de maneira dependente de glicose, redução da secreção de glucagon, aumento da saciedade, e esvaziamento gástrico retardado. Pacientes com DM1 são incapazes de suprimir o glucagon durante as refeições, o que contribui para a hiperglicemia pós-prandial observada nessa população e poderia ser melhorada com a terapia com agonistas GLP-1.
Em uma revisão sistemática, conduzida por Harris e Boland, pesquisadores avaliaram a literatura disponível quanto à eficácia clínica e segurança do agonistas do GLP-1 em pacientes com DM1. Para tal, foi realizada uma busca nos bancos de dados – PubMed (1966 a maio de 2016) e Ovid (1946-maio 2016). Resumos apresentados nas sessões científicas e clínicas da Sociedade Americana de Diabetes e da Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos também foram pesquisados.
Foram incluídos 12 estudos que avaliaram a efetividade ou segurança dos análagos da GLP-1 em pacientes com DM1. Quatro estudos avaliaram uma exenatida de liberação prolongada e sete, a liraglutida. Em ambas as situações, houve reduções significativas na hemoglobina A1C, concentração sérica de glicose, peso corporal e na dose de insulina necessária. Além disso, quando esses medicamentos foram administrados em pacientes insulinodependentes, não houve aumento da incidência de hipoglicemia. Os efeitos adversos foram principalmente de natureza gastrointestinal, mas foram ligeiros e transitórios.
Em resumo, a revisão indica que alguns pacientes com DM1 podem se beneficiar da associação de agonistas do GLP-1 à insulina. São eles:
Referência
Harris, K. B. & Boland, C. L. Adjunctive Role of Glucagon-Like Peptide-1 Receptor Agonists in the Management of Type 1 Diabetes Mellitus. Pharmacother. J. Hum. Pharmacol. Drug Ther. 36, 1011–1020 (2016).
*Wálleri Reis é farmacêutica, mestre em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal do Paraná e especialista pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar (HC-UFPR). É coautora dos manuais de serviços farmacêuticos da Abrafarma.