Conhecer a fundo os desafios da profissão, a fim de contribuir, direta ou indiretamente, para o bem-estar do paciente, considerando os aspectos socioeconômicos e o ambiente em que o ele está inserido. Para Silvia Storpirtis, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, além dessas responsabilidades, o farmacêutico acompanhou a evolução da carreira nas últimas décadas, juntamente com rápido desenvolvimento tecnológico dos últimos anos.
Qual o perfil do profissional em atuação no mercado?
Ele tem consciência de suas responsabilidades, um compromisso com a sua atualização e busca atuar no contexto interdisciplinar, visando sempre ao benefício do indivíduo/paciente por ele atendido. Hoje, o farmacêutico se reconhece como um profissional de saúde pública, considerando os aspectos socioeconômicos e o ambiente em que o indivíduo se insere. Isso implica conhecer os avanços e os desafios da profissão.
Fale um pouco da importância do farmacêutico no atendimento à saúde da população
A profissão farmacêutica tem se transformado nas últimas décadas, em consonância com as mudanças socioeconômicas e com a evolução tecnológica. Novas áreas de atuação surgiram para atender as demandas, que vão muito além do desenvolvimento e produção de medicamentos eficazes. Assim, o envelhecimento da população, o aumento dos gastos em saúde, a incorporação de novas tecnologias para o tratamento de diversas enfermidades – como os medicamentos biotecnológicos – redirecionaram as necessidades de formação e capacitação do farmacêutico.
Faz-se necessário compreender as políticas de saúde, as regulamentações relacionadas, as características do acesso da população a medicamentos e outras tecnologias em saúde, bem como os aspectos relativos ao uso desses recursos. Nesse contexto, as atribuições clínicas do farmacêutico, regulamentadas no Brasil pelo Conselho Federal de Farmácia em 2013, tornaram-se muito importantes para que o profissional colabore efetivamente com a resolução dos problemas de saúde da população.
E isso é feito mediante a oferta de serviços farmacêuticos como o rastreamento de problemas de saúde, a revisão da farmacoterapia dos pacientes, o acompanhamento farmacoterapêutico, a conciliação e a dispensação de medicamentos, entre outros fatores.
E quais são os desafios da profissão frente à evolução tecnológica?
Os desafios são enormes, uma vez que novas tecnologias surgem rapidamente e são incorporadas pelo sistema de saúde, a despeito das crises econômicas e da limitação de recursos financeiros. A resposta aos desafios, na minha visão, perpassa pela formação e capacitação adequadas dos profissionais e pelo monitoramento das atividades desenvolvidas. Isso requer, portanto, o compartilhamento das responsabilidades entre várias instituições, governamentais e não governamentais ligadas ao desenvolvimento das políticas públicas de saúde.
O farmacêutico deve atuar de maneira proativa, atualizando-se sobre as novas tecnologias relacionadas a produtos e serviços, de modo a colaborar com seu acesso e uso adequados. Cabe lembrar que existem tecnologias “duras” (produtos, kits para diagnóstico) e “leves” (serviços prestados à população, como os serviços farmacêuticos) e que essas tecnologias se complementam no tratamento dos pacientes.
Assim, não basta que haja o correto diagnóstico e a prescrição da melhor alternativa terapêutica para o paciente. Torna-se necessário que o farmacêutico atue na garantia do acesso às tecnologias e até no monitoramento de seu uso, avaliando e colaborando para a adesão ao tratamento.