Débora Aguiar de Ávila, farmacêutica graduada pela Universidade Luterana do Brasil e especialista em toxicologia clínica pela PUC, ressalta a importância do farmacêutico no incentivo à vacinação, uma vez que estamos enfrentando uma era de recusa vacinal e movimentos antivacinas mundo afora. Ela atuou na área de manipulação e drogaria, realizando assistência farmacêutica até 2010. Em 2011 assumiu a Vaccinus Clínica de Vacinação. É associada à Sociedade Brasileira de Imunizações desde 2013. Confira as dicas:
Que cuidados são mais essenciais para armazenamento e aplicação das vacinas?
As vacinas devem ser armazenadas sob refrigeração, entre 2º e 8°C. As temperaturas exigem monitoramento no início e no fim do dia. Os melhores equipamentos para armazenamento são as câmaras frias, pois controlam a oscilação da temperatura, mantendo-as sempre nesta faixa. É necessário ter sistema de segurança, se houver queda de energia, e freezers – neste caso, para manter as bobinas de gelo se houver vacinação extra-muro, além de caixas térmicas e termômetros, para transporte adequado das vacinas. Os cuidados na aplicação das vacinas são os mesmos dos medicamentos injetáveis. Porém o local de aplicação é diferente. Varia de acordo com a idade e o biotipo do paciente, podendo ser no vasto lateral da coxa ou no músculo deltoide.
Como é o processo ideal de atendimento ao paciente?
É necessário, antes de tudo, avaliar a carteira de vacinação. Nela, podemos verificar os dados completos do paciente, assim como vacinas já realizadas ou por fazer, sempre obedecendo o calendário de vacinação. Perguntas importantes a serem feitas envolvem alergias, doenças pré-existentes (que possam impedir ou indicar a vacinação), medicamentos utilizados no momento e reações às últimas vacinas aplicadas. É preciso ter tudo registrado por até cinco anos. A carteira de vacinação deve ser sempre preenchida no momento da realização do serviço.
Você aplica vacinas somente com receita médica?
Aplicamos com receita aquelas vacinas que não fazem parte do calendário básico de vacinação. As que fazem parte devemos aplicar conforme o calendário. Quando alguma vacina consta apenas do calendário da Sociedade Brasileira de Imunizações e da Sociedade Brasileira de Pediatria, orientamos o aconselhamento com o pediatra.
Que eventos adversos pós-vacinais são mais frequentes?
Os mais comuns são dor no local da aplicação e febre, mas nem todos apresentam. Menos comuns são dores musculares, cefaleia, náuseas e vômitos. Mas na maioria das situações, não é recomendável a administração de analgésicos ou antitérmicos antes da imunização, ou sem o paciente apresentar algum sintoma pós-vacina, pois podem diminuir a resposta imune. A recomendação é medicar se apresentar febre, a menos que a criança tenha tendência a ter convulsão. Neste caso, o pediatra já orienta os pais quanto ao uso do antitérmico antes da vacinação. Em relação à dor, recomendamos aos pais que façam compressas frias nas primeiras 24 horas e compressas mornas após esse período, caso a criança ainda apresente dor no local.
Quais são as vacinas mais comuns que você aplica na clínica de vacinação?
As mais comuns são as vacinas da gripe, as pediátricas (dos dois aos seis meses de vida da criança) e as recomendadas dos 12 aos 18 meses de vida.
Que recomendações deve seguir quem pensa em implementar o serviço?
Primeiramente, recomendaria uma atualização em vacinas e é interessante também a participação anual em congressos e simpósios na área. Algumas vacinas não podem ser aplicadas no mesmo dia, exigindo intervalos maiores entre uma e outra. Algumas podem sofrer interferência de medicamentos, principalmente os anti-inflamatórios, assim como outras têm a aplicação condicionada a um limite de idade. É necessário também saber o local correto de aplicação. A atualização constante é essencial, pois todos os anos o calendário muda, podendo haver alteração no esquema vacinal, entrada de novas vacinas e outras situações.
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