Você já ouviu falar sobre a disfagia? Para grande parte da população, esse nome pode soar estranho, mas é um problema que atinge muitas pessoas. A disfagia é um sintoma de alguma alteração clínica que traz como consequência a mudança do padrão normal da deglutição – ou seja, o indivíduo passa a ter dificuldade para engolir alimentos, líquidos e saliva, em qualquer etapa do trajeto entre a boca e o estômago.
As principais complicações que podem ser ocasionadas pela disfagia são o aumento das chances de pneumonia aspirativa; a ampliação do tempo de internações, devido à desnutrição e à desidratação; o desinteresse por alimentos; a debilitação da saúde de modo geral; e a perda da qualidade de vida.
Mas quem está mais suscetível a ter a disfagia? Entre os adultos, quem possui doenças neurológicas (AVC, Esclerose Lateral Amiotrófica, Parkinson, Esclerose Múltipla e demências), traumatismos crânioencefálicos e alterações mecânicas (câncer de cabeça e pescoço, queimaduras, refluxo gastroesofágico, doenças cardíacas) estão mais propensos.
Já, entre os bebês, o risco é maior para os prematuros, os que têm má formação do sistema digestivo, fissura labiopalatina, doenças neurológicas ou algumas síndromes como a de Down. No caso dos idosos, as chances de disfagia são ainda maiores, uma vez que algumas mudanças geradas pelo envelhecimento – como a perda de força muscular, a redução da velocidade ao mastigar, a precisão e coordenação dos movimentos – podem provocar a dificuldade para deglutir.
É importante esclarecer também quais são os sintomas: falta de ar durante ou após a alimentação; perda de peso; pneumonias de repetição; dificuldade para mastigar, preparar e manter o alimento na boca; tempo prolongado para engolir; sensação de alimento parado na garganta; dor ao engolir; restos de comida dentro da boca após engolir; escape de alimento pelo nariz; mudança na voz após engolir; tosse ou pigarro constante durante a alimentação; engasgos frequentes durante as refeições ou ao deglutir saliva; falta de interesse em se alimentar; e mudança na cor da pele durante ou após a alimentação.
Algumas dicas são importantes durante as refeições, principalmente para quem já apresenta dificuldades: alimentar-se sempre sentado, em ritmo e velocidades seguros; evitar distrações enquanto se alimenta; procurar não conversar enquanto está comendo; manter atenção durante as refeições; evitar assistir à televisão, ouvir rádio ou permanecer em um ambiente barulhento.
*Dra. Sandra Lia Petit Marchi é coordenadora do Serviço de Fonoaudiologia do HSANP, centro hospitalar localizado na Zona Norte de São Paulo