Embora liderem a causa de mortes entre pessoas com diabetes tipo 2, as doenças do coração estão longe das prioridades de médicos e pacientes. É o que revela a pesquisa Quando o Diabetes Toca o Coração divulgada pela Novo Nordisk, que encabeça a campanha Quem Vê Diabetes Vê Coração. O levantamento foi realizado entre os meses de maio e junho, com 1.439 entrevistados de 47 a 55 anos.
“Pouco mais de 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 apresentavam pelo menos um dos indícios de comprometimento cardiovascular, além de falta de ar ou palpitação no peito”, afirma Carlos Eduardo Barra Couri, médico endocrinologista e fundador do EndoDebate, que também participou da elaboração da pesquisa. O estudo indicou ainda uma percepção limitada sobre os riscos do diabetes tipo 2. Ao todo, 64% não seguem o tratamento à risca e apenas 48% consideram a doença potencialmente grave, colocando-a atrás do câncer e do mal de Alzheimer, responsáveis por baixos números de óbitos nessa população.
Enquanto 96% relacionam a doença às amputações, o cenário é outro quando o assunto é a relação com a insuficiência cardíaca, conhecida por apenas 36%. No caso do AVC, o desconhecimento chega a 26%, ainda que duas a cada três mortes de pacientes com diabetes estejam ligadas a doenças cardiovasculares, segundo a Associação Americana de Diabetes.
A falta de interação com os médicos foi um dos principais alvos das críticas dos entrevistados. Para 60%, esses profissionais transmitiram informações insatisfatórias ou sequer mencionaram questões relacionadas ao coração na última consulta para controlar o diabetes, o que ajuda a reforçar a importância do farmacêutico. “Adesão não é só explicar como tomar o medicamento. Envolve um atendimento mais humanizado, ouvir o que o paciente tem a dizer. Nesse cenário, o papel do farmacêutico é essencial, mas ainda subutilizado. O país deveria ter mais farmácias especializadas em diabetes”, defende.