Em julho de 2018, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) detectou a presença de impurezas, chamadas de nitrosaminas, no princípio ativo “sartana”, um dos ingredientes utilizados na fabricação de remédios para o tratamento de hipertensão arterial. Desde então, tanto a EMA, a Administração de Alimentos e Remédios dos Estados Unidos (FDA) e agências de diferentes países iniciaram inspeções e determinaram um recall global.
Em maio deste ano, foi a vez da Anvisa anunciar o recolhimento de cerca de 200 lotes específicos de medicamentos com os princípios ativos, assim como também a suspensão da fabricação, importação, distribuição, comercialização e uso dos insumos farmacêuticos ativos com suspeita de contaminação. No total, foram efetuadas 14 suspensões de três insumos (losartana, valsartana e irbesartana) de dez laboratórios internacionais.
Também foi determinada a fiscalização de todas as fabricantes de medicamentos contendo “sartanas”. Até o momento, foram avaliadas 29 empresas e 111 medicamentos comercializados em 2018. A Anvisa também exigiu a avaliação dos processos de qualificação dos fornecedores para os medicamentos à base de “sartanas” e a realização de testes para os produtos com insumos farmacêuticos ativos.
“Essa é uma ação que envolve esforços da Anvisa e de todos os fabricantes dos medicamentos, que estão ajudando a detectar quais são os lotes afetados pelo problema e voluntariamente recolhendo os produtos”, informa o gerente geral da área de Inspeção e Fiscalização Sanitária (GGFIS) da agência, Ronaldo Gomes.
Para Cristiane Feijó, gerente técnica farmacêutica das Farmácias Pague Menos a orientação para o cliente é que ele fale com o médico para definir a continuação do tratamento. “Para os casos de troca ou suspensão da medicação, o paciente deve procurar a farmácia onde comprou o medicamento levando a nota fiscal. Todos aqueles que estiverem entre os lotes notificados pela Anvisa serão devolvidos e incinerados”, ressalta. Segundo a gerente, mesmo que o produto tenha sido em parte consumido, a troca na farmácia é possível e o medicamento recebido será destinado corretamente.
Embora o risco seja muito pequeno, estudos apontam que as nitrosaminas têm potencial ou provável risco de causar câncer caso os medicamentos sejam consumidos todos os dias, em sua dose máxima, durante cinco anos seguidos. Por essa razão, a Anvisa recomenda a troca desses remédios por outros de igual valor terapêutico. Essa substituição deve ser feita mediante orientação de um farmacêutico. Confira aqui a relação de fabricantes impactados pelo recall.
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