As infecções do trato urinário estão entre as mais comuns em mulheres. A resistência bacteriana entre os uropatógenos tem aumentado progressivamente, limitando a eficácia de terapias orais. A fosfomicina trometamina (fosfomicina), medicamento que pode ser administrado em dose única e indicado para infecções do trato urinário não complicadas (ITUs), apresentou atividade in vitro contra microrganismo multirresistentes (MDR). Contudo, dados clínicos que avaliaram a fosfomicina para o tratamento de ITUs complicadas ou por MDR são limitados.
A fim de avaliar melhor essa questão, um grupo de pesquisadores realizou uma avaliação retrospectiva de pacientes que receberam pelo menos uma dose de fosfomicina. Participaram 57 pacientes, a maioria do sexo feminino (66,7%) e idosos (idade mediana de 79 anos). O tratamento alcançou sucesso clínico na maioria dos casos (96,4%). Quinze dos 20 (75%) pacientes com culturas de urina repetidas apresentaram cura microbiológica.
O estudo comentado aponta evidências adicionais ao uso da fosfomicina como uma opção terapêutica em ITUs complicadas e/ou por MDR. Entre as mulheres jovens sexualmente ativas, a incidência de infecção sintomática do trato urinário (ITU) é elevada. As considerações na escolha de um agente para tratamento de cistite aguda incluem eficácia, risco de efeitos adversos, taxas de resistência, perfil de segurança, custo e disponibilidade dos medicamentos. As fluorquinololas, por muito tempo, foram utilizadas indiscriminadamente para o tratamento das cistites complicadas. Entretanto, evidências atuais apontam possível associação entre o uso desses medicamentos e eventos adversos graves e permanentes.
O FDA recomenda que a classe seja reservada para quadros onde outros medicamentos mais seguros não estejam disponíveis. O estudo comentado aponta a fosfomicina, comercializada no Brasil sob a marca Monuril®, como uma alternativa para o tratamento de cistites complicadas e/ou por microrganismos multirresistentes. Vale ressaltar que esse medicamento apresenta utilização fácil e tempo de tratamento curto, o que minimiza problemas de adesão e consequente indução de resistência.
Texto reproduzido de farmaceuticoclinico.com.br
*Wálleri Reis é farmacêutica, mestre em ciências farmacêuticas pela Universidade Federal do Paraná e especialista pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar (HC-UFPR). É coautora dos manuais de serviços farmacêuticos da Abrafarma