Estima-se que, até 2029, o câncer supere as doenças cardíacas e se torne a principal causa de morte no país. Isso está intimamente relacionado a fatores de risco derivados do estilo de vida, como maus hábitos alimentares e sedentarismo, além do próprio envelhecimento e de fatores genéticos. Apesar dos diversos avanços no tratamento do câncer alcançados nas últimas décadas, como no caso dos tumores de mama, a mortalidade por alguns tipos de câncer, como os de pulmão, continua elevada.
A alta mortalidade associada aos tumores de pulmão está relacionada, entre outros motivos, ao diagnóstico tardio e à falta de acesso às terapias inovadoras, que podem beneficiar os pacientes quanto à sobrevida e no convívio com a doença. Um novo medicamento passa em média dez anos em estudo antes de chegar ao mercado. Mas o acesso do paciente a uma terapia inovadora para o câncer depende, na maioria das vezes, da capacidade do governo e dos planos de saúde em oferecer o tratamento.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, recentemente, a importante notícia sobre a ampliação do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, incluindo 18 novos procedimentos, entre exames, terapias e cirurgias. Um exemplo das inserções para 2018 é uma terapia-alvo indicada para o tratamento do câncer de pulmão, à base de não pequenas células com mutação do EGFR.
O câncer de pulmão é o tipo de tumor que mais mata no Brasil e no mundo, sendo responsável por 18,2% de todas as mortes por câncer1. Só no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, para 2016/2017, são cerca de 28.220 novos casos de câncer de pulmão (17.330 em homens e 10.890 em mulheres)2. Assim sendo, iniciativas como a disponibilização do afatinibe pela ANS é uma vitória a partir de um intenso trabalho de entidades representativas de pacientes, da classe médica e da indústria farmacêutica junto aos órgãos responsáveis e representam um marco no tratamento da doença em nosso país, pois aumenta as alternativas de tratamento para muitas pessoas com o adenocarcinoma com mutação do EGFR.
*Carlos Barrios é oncologista especializado em câncer de pulmão e diretor do Hospital do Câncer Mãe de Deus (Porto Alegre/RS)
Fontes:
1Ferlay J, Shin HR, Bray F, Forman D, Mathers C and Parkin DM. GLOBOCAN 2008 v2.0, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC Cancer Base No.10. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer; 2010. [Internet]. [Acesso em 15 Abr 2016]. Disponível em: http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_cancer.aspx
2 Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro: INCA, 2015. [Acesso em 15/04/2016]. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/estimativa-2016-v11.pdf
3 Boehringer Ingelheim Inoncology. Giotrif Website. [Internet]. [Acesso em 15/04/2016]. Disponível em http://www.giotrif.com/