Os pacientes adquirem informação em saúde de duas formas:
Ouvindo o que o profissional de saúde fala durante a consulta
ou
Lendo materiais entregues pelo profissional ou que achou na internet
Entregar orientações escritas ao paciente é uma boa forma de reforçar a mensagem passada na consulta.
Apesar disso, a maioria dos materiais em saúde está em linguagem complexa. Mesmo nos EUA, onde há uma lei federal que obriga os materiais a serem fáceis, mais da metade não estão no nível de entendimento da população.
Pontuamos 8 dicas que lhe ajudarão a fazer um material efetivo. Mas, antes mesmo de começar a escrever, você deve ter a resposta clara a duas perguntas:
“Quem é o meu paciente e o que ele já sabe sobre o assunto?”
“O que o paciente deve saber ou fazer após ler o material?”
Vamos lá?
O paciente deve saber como vai se beneficiar lendo o material.
Exemplo: “Você vai aprender o que fazer para lembrar de tomar os remédios e o que fazer quando esquecer de tomar”
Pense: “Qual o mínimo de informação que o paciente precisa neste momento?”. Quanto mais informação tem, maior a chance do paciente de esquecer.
Divida o material em seções para guiar o leitor. Coloque no máximo 7 itens dentro de uma seção e, se ficar muito longo, quebre em partes menores. É igual a quando você é apresentado a uma roda de pessoas. Depois do sétimo você não lembra dos anteriores.
Diga o que o paciente deve fazer no lugar do que não deve.
Diga: “Tome esse remédio sempre 2 horas após comer”
Ao invés de: “Não tome este remédio junto com refeições”
Tente manter a regra do 2-4-8 quando possível:
Palavras de 2 sílabas – Parágrafos de 4 linhas – Frases entre 8 e dez palavras
Use um tom informal como se estivesse falando com um amigo e fácil de entender como se estivesse falando com sua avó (living room language). Evite ao máximo jargões ou termos técnicos. Se usar, explique-os.
Use: “Pressão alta é uma doença que não tem cura, por isso você deve tomar os remédios para controlar a pressão.”.
“Como sua pressão está muito alta, vou indicar um cardiologista para você marcar uma consulta. Cardiologista é o médico especialista em pressão.”
Ao invés de: “Hipertensão arterial é uma patologia crônica e que depende de anti-hipertensivos para ser controlada.”.
“Como sua doença não está controlada, vou referenciar você ao cardiologista.”
Faça comparações e relações que o paciente vai se identificar.
Use: “Você deve procurar por caroços do tamanho de uma ervilha”
Ao invés de: “Você deve procurar por caroços entre 5 e 6 mm de diâmetro”
Deixe espaço em branco no seu material, facilita a leitura. Quanto a letra, use tamanho entre 12-14 e fonte que tenha serifa, é mais fácil de ler. Serifa é o “pé” que tem nas letras (pequenos traços, ornamentos e/ou prolongamentos que ocorrem no fim das hastes das letras). Este texto está sem serifa, por exemplo. Porém é recomendado usar fontes com serifa para materiais impressos.
Depois de elaborado o material, dê aos pacientes e peça feedbacks. E se tiver alguma dúvida na hora de escrever, é só lembrar: Pense como seu paciente.
E para provar que não é placebo, seguem as referências:
1. Doak CC, Doak LG, Teaching Patients With Low Literacy Skills. Philadelphia, PA:Lippincott
2. Bailey EP Jr: Writing Clearly: A Contemporary Approach. Columbus, OH: CE Merrill. 1984
3. Centers for Disease Control and Prevention. Simply Put: A guide for creating easy-to-understand materials, 3rd April 2009
*Texto feito pela ADVMED, empresa que facilita a compreensão do paciente sobre tratamento e doenças e otimiza o trabalho de profissionais da saúde. Para ver mais textos acesse: http://www.advmed.com.br/blog/
“As ideias e opiniões aqui expressas, não refletem necessariamente aquelas da Abrafarma. A eventual menção a qualquer produto ou terapia não deve ser interpretada como endosso aos produtos mencionados. Recomendamos a cada profissional que determine, com base em sua experiência e conhecimento, as melhores condutas e cuidados para seus pacientes “.